terça-feira, 12 de julho de 2011

Abrindo um parênteses

Quero abrir aqui um parênteses para falar de um tema muito complexo e muito discriminado: a Depressão. Vou postar aqui um artigo com informações importantes para os portadores dessa doença, escrito pelo psicólogo Haroldo Lopes. O texto é longo, mas vale a pena ler.Tem até um pedido para a família no final. Cuide-se!

Obrigada, Dr. Haroldo Lopes, por trazer informações tão preciosas!

Depressão


A depressão é uma doença que afeta o corpo, o emocional e até o pensamento. Acredita-se que ela ataque 10% da população adulta, com predominância do sexo feminino, e não é raro também se manifestar em crianças. O desempenho da pessoa depressiva é seriamente alterado, tanto no lado pessoal, como nos aspectos profissional, social e conjugal. Muitos poderiam abreviar o sofrimento se logo procurassem ajuda, principalmente os homens, pois não se consideram loucos e acham que são fortes o suficiente para driblar a doença.
Estar triste em virtude de uma situação circunstancial (por exemplo: ser demitido) não é depressão, e sim algo passageiro.
A pessoa que tem este problema não está apta a resolver o mal por conta própria, pois ele pode durar meses, até anos, e exige auxílio médico e psicológico.
Vários fatores combinados parecem facilitar o surgimento da depressão. Famílias em que repetidamente a doença se manifestou levam-nos a crer no fator hereditário, bem como nas características pessoais biológicas e no estresse do ambiente. Faz-se importante salientar que todos estamos sujeitos a manifestações da doença depressiva, mesmo que em nossa família não se tenha conhecimento de casos.
O fator emocional pode também desencadear a doença, como uma separação conjugal que leva a pessoa a um sofrimento intenso, tomar conhecimento do óbito de um ente querido etc.
O avanço da medicina trouxe novos horizontes aos deprimidos, com a descoberta de alterações neuroquímicas possivelmente nos quadros de depressão severa, conhecidos como Depressão Maior.
Nos quadros depressivos em que a remissão dos sintomas não ocorra no decorrer de três semanas, é aconselhado consultar um médico, para que o diagnóstico seja feito.
Tristeza pode ser confundida com depressão, e alterações da tireóide podem causar mudanças no comportamento. O uso de bebidas alcoólicas e de algumas drogas também têm o poder de modificar o emocional, até ser o agente causador de quadros depressivos. Por isso, nunca inicie um tratamento medicamentoso sem o diagnóstico médico, já que a doença é complexa.
Para que o leitor avalie e conheça melhor o mal, estes são os sintomas mais comuns: insônia, inquietação, irritabilidade (principalmente ao amanhecer), perda do apetite sexual, sensação de morte, visão pessimista do futuro, sentimentos de culpa, ansiedade, dificuldade de concentração, ideias de morte ou desejo velado de suicídio, inapetência ou fome exagerada e, consequentemente, perda ou aumento de peso, distúrbios gastrointestinais, medos generalizados, e, o mais importante, tristeza severa.
As doenças depressivas manifestam-se de diversas formas, ocorrendo variações quanto à gravidade e à duração dos sintomas.
Um tipo de depressão menos grave é conhecida como distimia, na qual a pessoa, comumente, não fica incapacitada e tem seu estado geral muito oscilante, porém consegue levar a vida.
A depressão mais preocupante é a conhecida como Depressão Maior, que, além de apresentar os sintomas citados, pode acarretar a internação do paciente, já que este, muitas vezes, se abandona, não cuidando da higiene pessoal, além de, frequentemente, não só revelar a intenção de cometer suicídio como tentar concretizá-lo. Um paciente nessas circunstâncias deve receber toda a atenção médico-familiar, e não se descarta a possibilidade de internação, caso as condições de acompanhamento doméstico não sejam satisfatórias.

O que devemos fazer diante da Depressão Maior?
  • Em primeiro lugar, procurar um médico para que o diagnóstico seja feito e contar a ele tudo: doenças graves que já se teve, uso de drogas, de álcool etc.
  • Seguir corretamente a orientação medicamentosa. Nunca alterar ou interromper, por conta própria, a medicação, que, provavelmente, será um antidepressivo.
  • Normalmente, os antidepressivos demoram alguns dias para fazer efeito. Portanto, não se deve desanimar, caso, na primeira semana, não se sinta melhora.
  • Se não se der bem com os medicamentos e o médico propuser eletroconvulsoterapia (ECT), não se deve ficar assustado. Essa terapia evoluiu muito e tem dado bons resultados, principalmente nos casos mais graves de depressão. A ECT é realizada em hospitais, com o paciente anestesiado, portanto sem sentir dor.
  • Iniciar junto com a medicação uma psicoterapia. Deve-se conversar com o terapeuta sobre os medos, as dificuldades, as ansiedades, as raivas, os desejos etc. Lembre-se do ditado bíblico: Confessai-vos, pois, uns aos outros... (Epístola de Tiago, 5:16).
  • Não achar que se é fraco, sem iniciativa e pessimista. A falta de vontade e os pensamentos negativos fazem parte do quadro da depressão. Não se tem culpa. Deve-se ter, sim, a responsabilidade de fazer o tratamento com começo, meio e fim.
  • Caso se receba convite de parentes ou amigos para sair, passear, frequentar cultos religiosos, só ir se realmente quiser. Não se deve violentar a si mesmo!
  • Enquanto se está doente, não assumir responsabilidades nem traçar grandes metas.
  • Não tomar decisões importantes (por exemplo: separação, pedir demissão etc.). Deve-se esperar melhorar.
  • Praticar exercícios com moderação.
  • Evitar bebidas alcoólicas.
  • Compreender a si mesmo. Não se está louco nem se vai ficar.
Toda pessoa com depressão sente-se mal, sem valor, sem esperança. Acha-se péssima companhia e um obstáculo para a felicidade dos filhos e do cônjuge. Pensa estar sendo castigada por Deus. Acredita ser portadora de alguma doença grave não diagnosticada. Tem a impressão de que os filhos herdarão sua doença e de que o futuro é o sanatório ou o fogo crematório!
Tolice! Tenha paciência. Acredite em você, na medicina e, acima de tudo, em Deus. Com certeza, dias melhores virão.
Você não é o primeiro nem será o último a ter depressão. Muitos já passaram pela doença e voltaram às suas atividades, desfrutando das coisas boas que a vida tem. Logo será a sua vez. Lembre-se: "Após a tempestade, vem a bonança".
Sem querer minimizar ou desprezar o sofrimento de quem está deprimido, acho importante não deixar a depressão "derrubar" você. Creio que é interessante colocar um pouco de humor para alterar suas energias e dar um arranque às reações positivas, para recuperar-se desse mal. Portanto, transcrevo uma historinha sobre dois irmãos. Um era otimista, e o outro, deprimido. Fica para o leitor identificá-los.
Dois irmãos viviam com seus pais em uma propriedade rural. Havia quintais enormes com plantações e alguns animais.
Certo dia, pela manhã, ambos, ao saírem para o quintal, viram um monte de esterco de cavalo. Os dois ficaram observando atentamente.
O  primeiro disse: “Tenho certeza de que eu é que terei de limpar esta sujeira!” O segundo comentou: “Acho que ganhei um cavalo. Onde estará o animal? Vou procurá-lo!”
Certamente, o leitor identificou qual era o irmão deprimido.
Um pedido aos familiares do deprimido
Caso você seja marido, esposa, pai, filho ou outro parente do deprimido, acredite: as pessoas que tiveram depressão não desejam esse mal a ninguém! Não é “frescura”, não! É uma doença que tem tratamento, com bons resultados. Porém, enquanto dura, maltrata muito o paciente. Se você nunca sofreu de um distúrbio depressivo, pode não compreender. Portanto, procure inteirar-se do assunto e ajude o deprimido. Atenda a seus pedidos razoáveis, escute-o e acompanhe-o até a recuperação.

O Homem pode vencer o Universo, mas jamais a solidão. Nós precisamos uns dos outros.


Um comentário:

  1. Sobre depressão - vivercomdepressao.blogspot.com
    É um verdadeiro sofrimento, que tem fases, há alturas em que se sente bem e outras em que se sente mesmo, mesmo muito mal. Visite o blog e leia as experiências de quem já aprendeu a lidar com a doença, mas infelizmente não a vencê-la.

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